INDAGAÇÕES III

2005 (primeiro semestre)
TSUNAMIS
Tsunamis na Ásia
(Com as águas engolindo os turistas europeus)
The big wave de terror na Mesopotâmia
(Com o Novo Mundo aniquilando o seu próprio berço)
E uma onda gigante no meu peito
(Com uma big pedra no meio da caminho, na vesícula)
Morte de dezenas de centenas de milhares
Pela natureza e pela guerra de terrorismo oriente-ocidente
E morte de uma unidade pelo sentimentalismo
Nos maremotos tectônicos do meu coração.

Parabéns para Nós
De Ruiva Aurora, da paixão ardente
Que rompeu iluminando os meus dias
Energizando de sentido as coisas simples da vida
E alegrando o ser e estar no aqui e agora...
De tábua de salvação, na qual me agarrei
Para emergir do tédio e da náusea poética
Pretendendo sobreviver à deriva de álibis forjados
Agarrado à realidade excitante do teu corpo...
De bolha da paixão, onde nos ilhamos do mundo
E tememos sair da praia com o nosso amor
Ao vermos tantos afundarem no mar...e haja mar...
De sereia, em cujo canto me encantei
Com medo que fosses uma baleia enfeitiçada...
De rubra Vênus sobre o meu Marte moreno
Levitando como estrela na mágica vara de condão
Trilhamos o caminho da sábia cura kármica
De urubuservadores, nos momentos mais difíceis
Não viramos a mesa nem devolvemos as chaves
Guiados pelo fresquinho macio do tesão que nos une
Fizemos infindáveis ensaios prazerosos de despedidas
De dramas, da dor presumida de uma gaiola vazia
De crises, de rituais de um amor cego vivendo de orgasmos
Oh! Luz da Aurora Ruiva que rompeu!
Que dá sentido a tudo o que se viveu, vive e viverá.
De ciclo em ciclo vamos serenando o nosso amor.

VELHO FILÓSOFO BABÃO
Descobri, sem calma, na própria carne
A prova da imortalidade da alma
E que o espírito cresce, mas não envelhece
De repente eis-me materialmente envelhecido
Meio século de desgastes físicos sofridos
Caracterizam minha figura conforme a idade
Devido às deformações erosivas da temporalidade
Sobre as coisas contingentes e finitas
Mas a prova em que especulo e me agito
Que me dá consciência de que sou espírito
São as pernas em mini-saias e os seios imponentes
São as bundas e rostos das bem dotadas adolescentes
Aflito percebo que por dentro sou o mesmo de sempre
E que o tempo não erodiu a minha atração pela beleza
Apenas me deu esperteza para compreender a situação
Que, no fundo, a in-temporalidade do aflito espírito
Transformou-me em mais um abominável velho babão
Apenas menos patético, pois com uma filosófica explicação metafísica.

PAGANISMO
Conforme a filosofia pré-socrática
De vários séculos antes de Cristo
Tudo está em movimento
Nada é, dizia Heráclito
Tudo está em permanente processo
De vir a ser
Eu, você, a natureza e o universo
Somos simultâneas fases heterogêneas
Do fluxo da existência
Que toma consciência de que está vindo a ser
(sabe-se lá o quê e quais são os nossos desígnios)
E nos percebemos como o espírito do fenômeno todo
Como parte do todo, do material e do imaterial
Como parte do uno...de Deus?
Mas como é cristã esta filosofia pagã!
(Ou será o contrário?!?)

Poeteiro
Não é que eu seja um convencido
Mas relendo meu último livro de poemas
Entrei pro rol dos meus poetas preferidos

CAMINHOS
Dei o primeiro passo
Na inexorável caminhada
Pelas trilhas que levam dos 50s
Aos 60s anos de idade
À ilha misteriosa da terceiridade
(base-aérea do vôo definitivo para a eternidade).
Por isso 51 é uma boa idéia:
Se festejar com pinga de caninha
E aproveitar o caminho, passo a passo
Prestando atenção, cada vez mais
Com quem e para que se caminha.

Sapato Folgado
Hoje eu sinto que a alma
(O espírito que vive dentro de mim)
Está mais confortável
Se sente menos comprimida
Parece habitar uma casa mais espaçosa
Embora seja a mesma estrutura corpórea
(Em que pese o externo aumento de volume)
Está como que num sapato que foi apertado
Mas que com o tempo deu de si e ficou folgado.
30/05/05

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