INDAGAÇÕES IV



MAGNA RAINHA

Ao pé da letra
Magna Rainha
É marca registrada:
“Magda Regina”
Ao pé da letra
Em tradução bem soletrada
É marca registrada
Magna Regina:
Magda Rainha..
18/07/05

BRAVA MENINA BAILARINA

Menina Marlúcia do Amaral
Bailarina da pura emoção
Partiu do pampa gaúcho
Do extremo-sul da civilização
E foi construir seus sonhos
Pelos cobiçados palcos do mundo
Saltitando graciosa sobre as fronteiras
Da língua e dos costumes das nações

Menina Marlúcia, quando danças
Faz dançar junto nossos corações
E nos enche o peito de esperanças
Que haja um jeito poético de se viver
Que a filosofia que a arte na alma lança
Semeia o belo para o justo e a paz florescer

Em pé aplaudimos: Menina Marlúcia, bravo!
(Recebas estes versos sinceros
Como um buquê de flores silvestres
Colhidas de São Diogo à Porto Alegre
Que expressa a nossa admiração por você)
Brava Bailarina Marlúcia, Bravo!!
21/07/05

Cordel: Cel. Severino versus o Índio das Missões

Ao Luciano Lima
Esta doeu Presidente, esta doeu
Doeu mais que as expulsões
Que me expurgaram do PT
Pois podia ser que eu não estivesse entendo
O que é o governo e o ter as rédeas do poder

Esta doeu Presidente, esta doeu
Doeu como um tiro fatal
No sonho autêntico de um milagre brasileiro
Vindo das ruas, campos, fábricas e escolas
Como uma democrática revolução popular

Esta doeu Presidente, esta doeu
Doeu mais que o “mensalão” e as malas de dinheiro
Do Zé Dirceu, do Genuíno, do Delúbio ou do Silvio
Esta doeu, doeu bem mais
Esta doeu, ver o próprio Presidente executar
Como um jagunço o seu “irmão” e ministro Olívio Dutra
(Que era o que restava do sonho que a gente sonhara)
E o que mais doeu
É que foi a mando de um Coronel Severino
Então, nada mudou
Definitivamente o sonho acabou.
23/07/05

O AVATAR DA ANTIGUIDADE

Ainda hoje ecoa forte e nítida
A voz daquele homem iluminado
Que viveu nos primórdios da Antigüidade
Levando seus questionamentos morais
Entre o povo humilde pelas praças e ruas
E também entre os poderosos em seus palácios
Sobre o bem e o mal, as virtudes e as injustiças
Por isto este homem sábio foi aprisionado
E, para desespero de seus discípulos,
Fez de sua defesa uma denúncia contra o sistema
E foi morto pelo Estado por defender a sua causa
A de parteiro do novo tempo de fé na razão
Defendendo até o fim a sua filosofia de vida.

Sem ter deixado nenhum pergaminho escrito
Sua obra foi a sua vida em busca da verdade
Seus seguidores se espalharam pelo mundo
Erguendo instituições de estudos de sua doutrina
Fazendo com que seus ensinamentos fossem os pilares
Sobre os quais se construiu a civilização romana cristã...
Jesus? Não. Alguns séculos antes do cristianismo na Grécia
Houve um filósofo que lhe abriu o caminho sem profetizar
Trilhando por outras revelações uma história semelhante:
Falo de Sócrates, o avatar da antiguidade para a nova era.
29/08/05

Vôo
Querida o tempo voa
Como voa o passarinho
Porém voa bem mais o nosso amor
Quando estamos os dois no ninho
Cheios de amor e aos carinhos.
30/08/05

ALEGORIA

Tocado pela emoção nativa
Que nos cativa a Semana Farroupilha
Como um bom gaúcho guapo
Admirador dos farrapos e suas tropilhas
Vou cantar o cavalo dos revolucionários
Que povoa nosso imaginário de guris urbanos
Como ideologia de nossos planos de futuro

Montado neste animal não há apuros
Que derrube o bagual gaudério nos pampas
Nem há guampas que o detenha, e nem cercas ou muros

O cavalo, este xucro animal místico
Tem quatro patas apenas
Não é alado, mas parece que voa
Com duas patas longas na frente
E as outras duas patas fortes atrás
Impulsionadas por um corpo valente
Fez a história do patrão ao capataz

Agarrado nas crinas do seu pescoço
Irmanados bicho e gente: se fez o índio
Civilizado, do charque do índio se fez o gaúcho
Industrializado, da erva guarani o chimarrão criolo
Midiado, assistimos os desfiles dos CTG’s nas TV’s
Com carros de boi e cavaleiros alegóricos pilchados
No asfalto de uma avenida da capital do Estado.
20/09/20005

Inquietações Ancoradas

As grandes inquietações humanas
Não são existenciais, de ser ou não ser
A vida é nos dado concretamente
E nela nos ancoramos como num cais
Mas do estreito abismo infinito
Que há entre o corpo e a mente
Emerge o tal espírito, fluído num grito
Que nos inquieta eternamente
Sem origem ou destino e estarrecidos
Ficamos sem saber se emerge, vem e volta
Ou se são apenas aflições intelectuais
Que a morte corta a corda e nos solta
Na sartreana jangada existencialista: no nada.
28/09/05

ADULTOS
Ao meu filho André

Vocês idealizam demais
Não basta que seja bom
Tem que ser arrebatador
Como nas telas dos filmes e novelas
Como nas páginas literárias dos romances
Como nos versos das canções de amor
Tem que conter os sinais da predestinação

Vocês adultos idealizam demais
Disse-me o meu filho adolescente
Com uma natural e convincente razão.
12/10/05

Tio Nanico

Desgarrou-se um nativo da querência
(Nos confins fora dos mapas oficiais)
Dos fronteiriços campos de São Diogo
Para a estrelada estância do infinito

Devido à convivência próxima de céus e campos
Troteando mudou de existência o Tio Nanico
Como quem rompeu o horizonte da campanha
Onde do verde para o azul a distância é um risco

Doravante há um vazio que a gente sente na perda
Dos vínculos umbilicais com as nossas origens ancestrais
Que aquele pequeno pedaço de terra do planeta encerra
O qual o Tio Nanico prezava e com muito gosto nos ofertava.
13/10/05

A Droga da Dúvida Universal

O ciúmes é um fluído alucinógeno e ácido
Que se infiltra nas trincas que o tempo erode
Fazendo doer a desconfiança dentro do peito
E disseminando a confusão quando na mente eclode

A pessoa com visões faz tudo desabar por nada
Pela dúvida universal de ser ou não ser amada.
14/10/05

As andorinhas exibicionistas

“Andorinha,a seta bailarina”-T. S. Eliot

Já tentei de todas as formas e expressões
Registrar o meu fascínio pelas andorinhas
Que na minha janela exibem suas aptidões
A cada primavera que calorosamente o verão prenuncia

Aparentemente é um casal, um par evolutivo
Mas talvez sejam sucessivas gerações de andorinhas
Que retornam à mesma morada (de modo furtivo)
Feita na caixa externa da uma persiana vizinha

Em fotografias consegui apenas às captar pousadas
Em vôos, nas filmagens, não as consigo acompanhar
Tal a velocidade das peripécias de extrema perícia
Com que se deslocam incansavelmente sem parar

A mensagem que sempre me deixam é de alegria
Que voam porque gostam, como quem brinca de viver
Com esta aptidão, encantado eu também feliz viveria
Mas só me resta capturar o fascínio do vôo no meu escrever
E aprisioná-lo para sempre nas grades das linhas dos versos.
16/11/05

A Matéria Viciada do Ser

“O Ser é o sujeito último de predicação.” – Aristóteles (Metafísica)

Somos a substância de predicação lógica do vício
Matéria que cria dependências tanto químicas
Quanto físicas, místicas e inclusive psicológicas
Corpos atraídos pela queda livre no abismo das drogas
Não só da cocaína e álcool, da nicotina e anfetaminas
Mas também pela droga da beleza física dos corpos
Com suas atrações sexuais e instintos de caça em voga
E mais ainda pelas alienantes drogas místicas de ofícios
Feitas de seitas e rituais com revelações do além
Além, é claro, do somatório de todos estes vícios
Que instituem a deficiência imunológica dos corpos
E nos fazem desejantes dos nossos vícios psicológicos
Nos fazem dependentes do poderoso vício do poder:
Todos queremos poder todos os vícios de prazer!
26/11/05

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